Não dormi, tenho que ir trabalhar daqui a pouco quando só me apetece ficar na cama e desaparecer. Hoje amanheci com uma lágrima na cara, o peso do mundo nas costas e uma alma cansada. E há momentos que me faltam as palavras, o ar, o chão e a cautela.
Odeio que me mintam, e odeio mentir e quando o faço é por medo e proteção e à vezes por pura estupidez. Sei que mentiras e verdades, não se misturam. Como água e óleo, não conseguem coexistir. Fiz porcaria. E  só gostava de ter uma maquina do tempo para voltar a trás, e ter o discernimento de saber o que é bom e o que é mau.  O que tem mal e o que não tem.
Andei a noite toda às voltas, sei que dei um murro no estomago à pessoa que menos merecia, e acabei por receber uma chapada de luva branca de mim mesma.
Percebi que o amor tem picos, altos e baixos, e o meu sempre foi tranquilo, sempre escrevi da forma bonita como via a minha relação, a verdade é que ultimamente me tenho questionado sobre tudo, sobre o sentimento, sobre como vai a minha alma e como vai a nossa felicidade e ate ontem não tinha tido qualquer resposta.
Ontem fiz porcaria.
Ontem dei um tiro no pé. Não foste tu, nem ninguém. Fui eu. E para continuar a andar é quase tão doloroso quanto ficar parado. Mas antes um tiro no pé que um tiro no peito porque hoje sei que tudo é transparente como água, que nunca foi tão claro. Precisei desesperadamente de abrir o peito a força, para perceber que nunca quis, não quero, e nunca foi minha intenção fazer algo que me fizesse sequer pensar em te perder. Percebi que a verdade é que são as nossas diferenças que nos aproximam ainda mais e nos fazem querer estar cada vez mais perto.